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Catalão recebe o 2º Encontro Cultural de Congadas do Estado de Goiás
(Foto: Reprodução Rede Sociais)

Catalão será palco, no dia 8 de novembro, do Segundo Encontro Cultural de Congadas do Estado de Goiás, evento que reunirá ternos de várias cidades goianas em uma celebração de fé, tradição e identidade. A iniciativa reforça o compromisso com a preservação de uma manifestação que ultrapassa um século de história.

A Congada é uma expressão cultural e religiosa de matriz africana, ligada à devoção a Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia. Segundo Fabrício Alves, capitão do Catupé Cacunda Vermelho e Branco de Três Ranchos, a tradição remonta aos tempos do Reino do Congo, na África.

“A Congada é uma manifestação cultural e religiosa que já acontecia em África. Os povos tiravam um dia no ano para desfilar diante do rei e da rainha do Congo. No Brasil, os negros escravizados associaram essa celebração aos festejos do Rosário. A primeira irmandade registrada no país é a de Ouro Preto”, explica Fabrício.

Fé, resistência e herança

Para Ozark Rosa de Almeida, general das Congadas de Ouvidor e líder do Terno de Congo Nossa Senhora do Rosário, a festa tem um significado espiritual profundo:

“Ensinamos que, quando vestem a farda para louvar Nossa Senhora, não são pessoas quaisquer — são escolhidos por ela.”

Em Catalão, a tradição é mantida pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, liderada por Silésio Teixeira da Silva, que destaca o papel de resistência da Congada ao longo do tempo:

“Negro no tronco apanhava, negro no tronco sofria, mas nunca perdeu sua fé em Deus e na Virgem Maria. É dom, é legado familiar. Meu avô foi capitão, meu pai não foi, mas eu fui. Nossa Senhora escolhe.”

Trabalho e devoção

Cada grupo, conhecido como terno, é estruturado com general, capitães, fiscais, alferes e soldados. Os trajes e instrumentos são confeccionados manualmente pelos próprios participantes.

“As pessoas veem o terno bonito dançando, mas não sabem o esforço. O capitão chega cansado do trabalho e ainda precisa cuidar das coisas do terno. Mas quando o vê na rua, a emoção compensa tudo”, relata Silésio.

Nos últimos anos, a presença de crianças e jovens nas Congadas tem crescido, garantindo a continuidade da tradição.

“Quando você vê o terno cheio de crianças, sabe que o legado não vai morrer”, afirma Silésio.

“A Congada é como uma bananeira: cresce, dá fruto, morre, mas do lado já nasce outra. Esse é nosso ciclo, infinito”, Fabrício disse.

O Encontro Cultural de Congadas promete reunir fé, música, dança e emoção, reafirmando Catalão como berço e referência dessa expressão cultural que atravessa gerações e mantém viva a memória afro-brasileira em Goiás.

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