Empresas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC), investigadas por fraudes em combustíveis em São Paulo, movimentaram mais de R$ 1 bilhão entre 2020 e 2024, segundo a Receita Federal.
A Operação Spare, deflagrada nesta quinta-feira (25), em São Paulo, apura que a organização criminosa utilizava postos de combustíveis, motéis e empresas de fachada para lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio.
As investigações revelaram que os criminosos movimentavam recursos ilícitos por meio de dinheiro em espécie e maquininhas de cartão, operadas por fintechs. O dinheiro era posteriormente usado para aquisição de imóveis e bens de alto valor.
Entre os itens comprados pelo grupo estão um iate de 23 metros, dois helicópteros, um Lamborghini Urus avaliado em R$ 4 milhões e terrenos superiores a R$ 20 milhões.
“Estima-se que os bens identificados representem apenas 10% do patrimônio real dos envolvidos”, informou a Receita.
Segundo o órgão, mais de 60 motéis controlados por laranjas movimentaram R$ 450 milhões, com lucro de R$ 45 milhões. Há indícios de lavagem de dinheiro no uso de 21 CNPJs vinculados a 98 estabelecimentos de uma mesma franquia.
Apesar da movimentação bilionária, as empresas emitiram apenas R$ 550 milhões em notas fiscais entre 2020 e 2024 e pagaram R$ 25 milhões em tributos federais, o equivalente a apenas 2,5% da movimentação. O lucro dos criminosos chegou a quase R$ 90 milhões no período.
Além disso, a Receita identificou que, já em 2010, o grupo havia movimentado R$ 260 milhões com a construção de 14 prédios residenciais em Santos. Também foram encontradas irregularidades nas declarações de Imposto de Renda, com aumento de R$ 120 milhões no patrimônio da família do principal alvo.